Na última quinta-feira, 15 de abril, aconteceu no auditório da FAHOR, unidade centro, a palestra “Raízes da Violência”, ministrada pelo médico e político Osmar Terra. O Vice-Diretor de Ensino Superior da FAHOR, Cesar Antônio Mantovani, introduziu a palestra destacando a trajetória do convidado.
Osmar Terra iniciou sua fala por meio de exemplificações da violência que nos ataca nos dias atuais, citando, por exemplo, o caso do assassino em série e pedófilo que matou seis jovens de 13 a 19 anos na cidade de Luziânia, Goiás, assassino o qual, já havia sido preso e condenado por violentar menores, mas foi solto antes de cumprir toda a pena, e o pior, sem laudo psiquiátrico, revelando a Legislação falha do Brasil, ou a não aplicação da mesma.
A partir das exemplificações, o palestrante revelou a imensa importância da “questão mental” na violência. Ele enfatizou essa questão como a principal “causa” do desenvolvimento do comportamento violento, utilizando amplamente os estudos do professor e pesquisador canadense Richard Tremblay.
Os estudos do Dr. Tremblay na área psiquiátrica/psicológica do comportamento violento buscam a “raiz da violência”. Essa análise iniciou no presídio, após esse período o pesquisador analisou os adolescentes e, por fim, retrocedeu ainda mais analisando as crianças.
As pesquisas revelaram que o pico da curva que indica a incidência de crimes violentos está no fim da adolescência, por volta dos 17 ou 18 anos de idade. Porém, o período mais violento da espécie humana está compreendido entre os dois e quatro anos de idade, quando está se organizando o controle dos impulsos. Neste período as agressões são relativamente pequenas, porém com uma incidência muito grande.
Seguindo com os estudos, os resultados obtidos apontam que o comportamento violento é causado, em grande parte, por falta de atenção à criança entre o oitavo e décimo mês de vida. Quando uma criança é maltratada ou negligenciada neste período da vida, ela está exposta a níveis elevados de stress, o que produz grandes quantidades de Cortisol, substância responsável por lesões físicas no cérebro humano. Tais lesões são diretamente proporcionais ao “nível” do comportamento violento da pessoa, sendo assim, certamente esta criança terá maior suscetibilidade a ter “problemas” posteriormente, estes ligados ao comportamento violento.
O palestrante também abordou o tema da psicopatia, inicialmente diferenciando psicóticos, como os esquizofrênicos, dos psicopatas, que são pessoas insensíveis ao extremo. Segundo Osmar Terra, a psicopatia atinge, atualmente, aproximadamente 2% da população, sendo que a maioria destes não comete crimes propriamente ditos, porém possuem comportamento completamente antiético. Ainda assim, segundo Terra, os psicopatas são responsáveis por 60% dos crimes graves. Essas pessoas são incapazes de sentir emoções "sociais" tais como simpatia, empatia, gratidão, etc. Para eles, as emoções de outras pessoas não têm qualquer importância; eles são "incapazes de construir uma similitude emocional do outro".
As lesões cerebrais do lóbulo frontal, ligadas diretamente ao comportamento violento, também são provocadas pelo uso de drogas, principalmente a Cocaína e o Crack. Osmar Terra apontou que aproximadamente 40% dos homicídios, no Brasil, estão ligados ao Crack, seu uso e comércio. Está droga provoca mudanças nas ligações nervosas, tornando-se assim uma doença crônica, que não tem cura e necessita de tratamento contínuo. Além de se tornarem alvo de doenças pulmonares e circulatórias que podem levar à morte, os usuários se expõem à violência e a situações de perigo que também podem matá-lo. Como citou o palestrante, não é o Crack que deixa a pessoa violenta, e sim a falta dele. O usuário sente extrema necessidade de “repetição” a cada 20 minutos, vivendo em função da droga e disposto a tudo para consegui-la.
Assim, após apontar em foco a violência e suas principais causas, Osmar Terra finalizou sua palestra deixando a mensagem de que devemos apoiar amplamente iniciativas como a campanha “Crack, nem pensar”, lançada pelo Grupo RBS e o Governo do Estado, e de fato lutarmos contra a violência, tratando-a principalmente lá na “raiz”, cuidando melhor de nossas crianças e, acima de tudo, não esperarmos para tratar o problema, devemos preveni-lo.