A modificação da forma de definir a quantidade de 1Kg foi definida na 26ª Conferência Geral de Pesos e Medidas, realizada na França
Muitas vezes não é perceptível a importância de certas grandezas físicas presentes no dia a dia das pessoas. Quando se pensa na quantidade de vezes em que são usadas grandezas como comprimento, tempo, temperatura e massa, por exemplo, certamente é surpreendente. O simples ato de ir ao supermercado já exige que estas grandezas sejam usadas diversas vezes. Ao comprar um alimento refrigerado, por exemplo, é necessário saber se a temperatura do refrigerador está adequada para mantê-lo em condições de consumo. A variável massa também está muito presente, pois é usada para quantificar os produtos nas mais diversas situações, desde a compra até a medida das porções para servir as refeições. Para não ficar apenas no exemplo do supermercado, pode-se pensar na agricultura, em que as variáveis também são fundamentais para controlar toda a atividade produtiva.
Neste sentido, a 26ª Conferência Geral de Pesos e Medidas, realizada na França há poucos dias, estabeleceu uma nova definição de quilograma. Representantes de 60 países, incluindo o Brasil, decidiram modificar a forma de definir a quantidade 1Kg.
O professor de Física da FAHOR, Geovane Webler explica que até então, a medida de 1Kg, usada como padrão mundial, era um objeto de platina iridiado fabricado no ano de 1889 e guardado no Escritório Internacional de Pesos e Medidas, também na França. Então, para garantir que no mundo inteiro a massa 1Kg fosse a mesma, cópias fieis desta medida oficial eram distribuídas para permitir a conferência das balanças. “O problema observado é que, com o passar do tempo, a massa deste objeto usado como referência foi diminuindo. Estima-se que a perda de massa, desde 1889, tenha sido de 50 microgramas, ou seja, 0,00005 gramas. Se pensarmos nessa quantidade no nosso dia a dia em um supermercado, por exemplo, ela é irrelevante, mas, para a ciência mais sofisticada, ela está se tornando inaceitável”, destaca o professor.
Na FAHOR, dos 8 cursos de graduação, seis são Engenharias e em todos eles, a disciplina de Física está presente, especialmente por sua aplicação no momento de mensurar medidas com alta precisão, o que é fundamental para a excelência nos trabalhos desenvolvidos pelos futuros engenheiros.
Para garantir a precisão e uniformidade das medidas de massa ao longo do tempo, a partir de agora, passa-se a definir 1Kg com base em uma constante física fundamental, chamada de constante de Planck. Ou seja, é um valor que não mudará ao longo do tempo. “A constante de Planck descreve o comportamento de partículas e ondas em escala atômica, sendo definida com base em três grandezas: o metro, o quilo e o segundo. Como o segundo e o metro são definidos com base na velocidade da luz, ou seja, uma constante fundamental da natureza, o quilograma passa a ser definido sem o uso de objetos físicos de referência. Apesar de parecer distante do nosso dia a dia, esta mudança na definição de 1Kg representa uma grande evolução. É mais um benefício do avanço da tecnologia e da ciência que vai melhorar a vida das pessoas, possibilitando medidas e cálculos mais precisos”, destacou Geovane. Embora de grande importância para a ciência, a forma cotidiana de se mensurar o peso na forma como é de costume, em balanças, não será alterada.