Os desafios presentes, em função da COVID-19, são muitos. Não há dúvida que lidar com um “inimigo invisível” foi um dos maiores desta lista. Ainda mais quando se trata de um vírus com elevada transmissibilidade e um considerável grau de letalidade, como é o caso do novo Coronavírus. Não se tem até hoje conhecimento suficiente, por parte dos cientistas e médicos, a respeito do mecanismo de transmissão, efeitos colaterais do vírus no organismo das pessoas, um medicamento mais eficaz ou uma vacina para prevenção ou cura desta doença.
Isto tornou o cenário ainda mais desafiador e complexo. Portanto, as decisões mundo afora, estiveram pautadas em experiências semelhantes, anteriormente vivenciadas, estudos pouco aprofundados e com tempo insuficiente para maturação e, portanto, uma resposta mais robusta. Com isso, a orientação da OMS (Organização Mundial da Saúde), órgão máximo e responsável pelo direcionamento de ações voltadas à saúde, foi lento, parcial e algumas vezes tendencioso.
O Brasil, por exemplo, sem sombra de dúvidas é um país continental. As realidades de expansão da doença são significativamente diferentes quando considerados municípios em regiões metropolitanas, com maior densidade demográfica e cidades do interior. Desta forma, claro que os prefeitos acabam tendo maior autonomia, todavia o direcionamento é fundamental.
Os líderes, neste exemplo do poder público, precisam estar alinhados. Uma única mensagem deve ser passada à população. Por que isso? Justamente para que as pessoas (portanto, os profissionais) e os empresários tenham uma informação direcionada e saibam como proceder em relação às suas empresas (e aos empregos).
A crise da saúde, caso tivesse sido tratada de forma mais séria e comprometida, por parte das lideranças do país, teria gerado menor impacto na economia. Ofertar crédito fácil e com taxa de juros mais baixa para as empresas de menor porte e promover ações de distribuição de renda para a população mais vulnerável, de forma mais ágil, poderiam ter amenizado a crise social, já causada pelos impactos econômicos gerados pela COVID-19.
Em pesquisa que realizei em março de 2020, junto a alguns profissionais da cadeia de fundição do Brasil, muitos deles os próprios empresários, revelou-se que naquele momento, muito pouco se conhecia em relação aos impactos da COVID-19 nos negócios. Uma reedição da pesquisa, aproximadamente 30 dias depois, revelou uma situação mais pessimista.
Promovi debates semanais com líderes do mercado de fundição. As discussões tiveram foco no “day after”, um tanto, ainda, desconhecido. Todavia foram discussões que enriqueceram o debate. Não há dúvida que as empresas estão sofrendo com a queda nas vendas. Algumas empresas tiveram, em último caso, que demitir profissionais. Antes, porém, diversas alternativas foram implementadas. Isto mostra que o empresário se esforçou para que não houvessem demissões.
A COVID-19 escancarou o problema da desigualdade social, no Brasil e no mundo. Este foi um aprendizado? Evidentemente que não, pois já sabíamos deste problema. As pessoas com maior dificuldade de se manter isoladas ou em distanciamento social sofrem mais com a doença. Estudantes que não possuem infraestrutura de internet, computador ou celular, não conseguem acompanhar aulas online, por exemplo.
Considerando os aprendizados, destaco a importância das pesquisas científicas, dos professores e profissionais da educação e saúde, muitos com valorização – anterior aos fatos relacionados à COVID-19 – abaixo do mínimo que se espera. Ficou bastante evidente o quanto são relevantes para a sociedade estes profissionais e procedimentos ligados à educação e pesquisa.
Não há como ter certeza do pós-crise, é muito cedo para isso. Há quem diga que o mundo não será mais o mesmo. Eu, particularmente, penso que não haverá uma mudança tão expressiva. Espero que a solidariedade e empatia permaneçam fortes, na sociedade pós-pandemia.
A adoção, por parte de muitas empresas, do método de trabalho remoto ou home office, pode permanecer pós-pandemia, para melhoria da qualidade de vida, dos profissionais, do aumento de produtividade e redução de custos por parte das empresas. Em relação ao redesenho dos planos estratégicos na volta das atividades, o grande desafio será a definição dos médios e longos prazos. Diversas empresas conseguem enxergar sua atividade por um período muito curto.
Tenho procurado ser otimista. Como diz o filósofo Mário Sérgio Cortella: “ser otimista dá trabalho”. Para ser otimista, segundo ele, a pessoa precisa estudar, correr atrás, realizar e se juntar. Já o pessimista, é acima de tudo “vagabundo”, pois a única coisa que ele precisa fazer é sentar e esperar dar errado. Temos que acreditar e trabalhar por dias melhores.
Eu espero que os líderes se preparem melhor para o enfrentamento de crises, como esta. Que estejam alinhados o máximo possível e transmitam a mesma orientação. O consultor Vicente Falconi diz que “setenta por cento do que acontece em uma organização, tem por responsabilidade os líderes”. Ou seja, não há dúvida da importância dos mesmos para o bom desenvolvimento da sociedade, empresas, universidades e outros.
Artigo elaborado por: Reinaldo Oliveira, administrador, Doutor em Engenharia de Produção.
Atua nos setores de venda, administração de contratos, projetos de fundição e atendimento ao cliente no setor metalúrgico.